Em 1871, o imperador D. Pedro II visitava a Europa.
Conhecido mundialmente pela sua refinada cultura, quando estava em Roma, na Itália, ele recebeu o convite para visitar a exposição em honra de Dante, em Florença, que estava ocorrendo por aqueles dias.
Apaixonado por Dante, o imperador prometeu visitar a exposição, marcou a data, mas, devido aos inúmeros compromissos, lamentou não poder marcar a hora da visita.
Conta-se que, De Gobernatis, responsável pela exposição, para prestar homenagem ao imperador, determinara que uma banda de música permanecesse à porta da exposição e, para saudar tão importante visita, executasse o hino nacional brasileiro, assim que ele chegasse.
O chefe da banda, não conhecendo o imperador e sabendo das inúmeras personalidades que visitariam a exposição, quis saber como ele reconheceria o imperador.
— Simples, – respondeu-lhe De Gobernatis – ele é um personagem respeitável, alto e de longas barbas brancas.
Mas, a modéstia do imperador, aliado a outras variantes, complicou as coisas para o coitado do chefe da banda:
O imperador, pensando em melhor apreciar os preciosos documentos “dantescos” da exposição e visando ter mais liberdade, chegou sozinho e mais cedo que a maioria dos visitantes.
A pé e com a maior simplicidade, disse ao porteiro que o De Gobernatis é que o tinha convidado e conseguiu entrar sem maiores problemas, mas sem o seu hino de boas-vindas, é claro.
Já o chefe da banda estava “em papos de aranha”, pois, na época, barbas brancas não era nenhuma raridade, muito menos pessoas respeitáveis visitando uma exposição de tão notável escritor.
Assim, cada vez que parava uma carruagem com alguém nas características mencionadas, ele tocava o hino nacional brasileiro.
Quando soube do ocorrido, De Gobernatis, foi encontrar o imperador que perguntou-lhe:
— Explique-me, caro professor, por que ouso tanto lá fora o hino do meu país?
Que a paz esteja com todos.
Darci Men