A Batalha da Venda Grande

Quem passar pela Rua Dario Freire Meirelles, entre o atual Aeroporto dos Amarais e o Ribeirão Quilombo, em Campinas SP, vai notar em seu canteiro central, um estranho monumento:

Em sua base existe uma placa informando que, naquele local, em 1842, aconteceu uma sangrenta batalha.

A cidade de Campinas (o nome é uma alusão a um campo com matos rasteiros), é bem próxima da capital paulista, e é muito fértil em histórias da época imperial do Brasil.

O Local onde hoje é a cidade, ficava próximo do “Caminho dos Guaianases” (um ramal do antigo caminho indígena de Peabirú) e, com isso, apresentou um rápido desenvolvimento e, consequentemente, ali surgiram muitas histórias de um passado não tão distante.

Uma dessas histórias aconteceu por volta de 1770, quando a cidade já era um local bem desenvolvido, conhecida como Freguesia da Nossa Senhora da Conceição das Campinas de Mato Dentro. Como o nome era muito grande, logo em seguida, em 1797 passou a chamar-se Vila de São Carlos (nada a ver com a cidade de São Carlos, também do interior paulista) e, finalmente, em 1842, passou definitivamente a chamar-se Campinas.

Pois é, no mesmo ano em que a cidade passou a chamar-se Campinas (1842), as relações da província de São Paulo com o governo imperial, não andavam nada boas.

Na ocasião, o governo imperial, tido como conservador e com o imperador D. Pedro II ainda garoto, aprovava leis, uma atrás da outra, sempre contrárias aos interesses liberais dos paulistas e, em consequência, também contrários aos mineiros, além de contrariar os paulistas, colocando na presidência da província de São Paulo, o conservador José Costa Carvalho, o Barão de Monte Alegre.

Foi então que aconteceu a Revolução Liberal de 1842, inicialmente liderada pelo Padre Diogo Antônio Feijó, por São Paulo e Teófilo Benedito Ottoni, por Minas Gerais.

Em São Paulo, o Padre Feijó, já idoso e doente, passou o comando da revolução para o Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar, na época, casado com a Marquesa de Santos, (teve com ela 6 filhos). Ele também já tinha presidido a província de São Paulo por duas vezes, foi o criador da Polícia Militar do Estado de São Paulo, tendo, inclusive, emprestado o seu nome para a famosa ROTA paulistana, além de outros feitos.

Como era de se esperar, os liberais paulistas evitavam fazer reuniões e concentrações na capital e um dos locais escolhidos foi, onde hoje é a cidade de Campinas, em um velho casarão conhecido como Venda Grande (um típico sobrado da época áurea da cafeicultura paulista, com o armazém na parte inferior e a residência dos donos no andar superior).

O casarão ficava em um local chamado Sítio Mato Dentro (que de sítio não tinha nada, já que era uma imensa fazenda de café com aproximadamente 300 hectares e mais de 250 mil pés de café), sendo o seu proprietário, o Major Teodoro Ferraz Leite, da família Aranha (Viscondessa de Campinas). Ele, na época da revolução, já tinha falecido, mas, a fazenda operou por muitos anos depois disso e, posteriormente, transformou-se onde é hoje a própria cidade de Campinas, incluindo aí o famoso Parque Ecológico Monsenhor Emilio José Salim (a sede da fazenda foi tombada pelo Patrimônio Histórico e tem visitação livre, sendo um excelente local para um passeio).

Para mim, pessoalmente, o local tem um significado especial, já que foi ali o primeiro destino dos meus antepassados da família Men, quando chegaram da Itália em 04/05/1888 (pouco antes da Lei Áurea).

Bem, voltando a Revolução de 1842, ninguém sabe como, mas as tropas imperais surpreenderam os revoltosos justamente naquele casarão e, os liberais, em menor número e com armamento inferior foram derrotados, com muitas baixas.

O Brigadeiro Tobias de Aguiar, assim como o Padre Feijó, tentaram fugir, mas foram presos e anistiados no ano seguinte pelo imperador D. Pedro II.

É isso aí.

Que a paz esteja com todos.

Darci Men.

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