Da Música à Educação: A jornada de Luísa em “Tempestade Urbana”

Luísa ajustou o colarinho de sua camisa social pela terceira vez naquele dia. O espelho do banheiro refletia uma mulher de 35 anos, cabelos castanhos presos em um coque apressado, olhos ligeiramente cansados, mas ainda com um brilho rebelde escondido nas profundezas. Quem olhasse de relance jamais adivinharia que, há apenas alguns anos, ela era conhecida nos palcos como “Lú – A Tempestade do Rock”.

Na juventude, a música era tudo para Luísa. A guitarra era uma extensão de seu corpo, e sua voz, uma força da natureza que dominava multidões em bares lotados e festivais locais. Com a banda “Tempestade Urbana”, ela percorreu a Grande São Paulo, agitando plateias com seu rock visceral e letras que falavam de liberdade, amor e revolução.

Eu sempre gostei de rocka nacional, e gostava particularmente de duas músicas dessa banda:

Músicas da Tempestade Urbana

“Educação é Revolução”

(Tempestade Urbana)

Na sala de aula, o futuro se desenha,
Cadernos abertos, sonhos em cadeia.
As vozes jovens, cheias de esperança,
Querem mais do que promessas, querem mudança.

O saber é uma arma, o conhecimento é poder,
Não vamos nos calar, não vamos nos render.

Educação é revolução,
Nas palavras, a transformação.
Vamos construir um novo amanhã,
Com livros e coragem na mão.

No quadro negro, histórias de luta e dor,
Mas também de glória, de amor.
Os olhos atentos, absorvendo o saber,
Querem mais do que uma vida para sobreviver.

O saber é uma arma, o conhecimento é poder,
Não vamos nos calar, não vamos nos render.

Educação é revolução,
Nas palavras, a transformação.
Vamos construir um novo amanhã,
Com livros e coragem na mão.

Os muros não vão nos prender,
Vamos além do que podem ver.
A voz da juventude é forte,
E juntos, vamos mudar a sorte.

Educação é revolução,
Nas palavras, a transformação.
Vamos construir um novo amanhã,
Com livros e coragem na mão.

Educação é revolução,
O grito de uma geração.
Vamos transformar o mundo,
Com amor e união.


“Liberdade nos Trilhos”

(Lu Tempestade)

No metrô lotado, corpos comprimidos,
Olhares perdidos, mas há um brilho escondido.
Cada estação, uma história pra contar,
Mulheres fortes, prontas pra lutar.

De salto ou tênis, na rua ou no trem,
A liberdade é nossa, não pertence a ninguém.

Nos trilhos da cidade, a liberdade encontra vez,
Não vamos nos calar, somos vozes de altivez.
Nas ruas, no metrô, em qualquer estação,
Nossa força é uma só, não tem explicação.

Ônibus lotado, o cansaço é rotina,
Mas não vão nos parar, nem com mil buzinas.
Cada parada, uma chance de seguir,
Somos livres, o mundo está por vir.

De salto ou tênis, na rua ou no trem,
A liberdade é nossa, não pertence a ninguém.

Nos trilhos da cidade, a liberdade encontra vez,
Não vamos nos calar, somos vozes de altivez.
Nas ruas, no metrô, em qualquer estação,
Nossa força é uma só, não tem explicação.

As vozes se elevam, unidas na canção,
O transporte é público, mas a luta é por união.
Cada passo dado, um novo amanhecer,
E juntas, vamos vencer.

Nos trilhos da cidade, a liberdade encontra vez,
Não vamos nos calar, somos vozes de altivez.
Nas ruas, no metrô, em qualquer estação,
Nossa força é uma só, não tem explicação.

Liberdade nos trilhos, o caminho é nosso,
Com coragem e fé, vamos mais longe que o óbvio.
O destino é incerto, mas o desejo é claro,
De sermos livres, como o vento raro.


Mas a vida de artista é incerta, e os tempos mudaram. O cenário musical se transformou, e a Tempestade Urbana enfrentou dificuldades para se manter relevante em um mercado cada vez mais saturado e digitalizado. Os cachês foram ficando menores, as oportunidades mais escassas. A necessidade de estabilidade financeira bateu à porta quando Luísa descobriu que seria mãe. Ela e o parceiro de banda, Paulo, decidiram que era hora de reavaliar prioridades.

Foi assim que Luísa encontrou um emprego como professora de história em uma escola pública da periferia de São Bernardo do Campo. No início, a transição foi dura. Trocar os acordes e aplausos pelo quadro negro e a rotina escolar parecia um sacrifício imenso. Mas, aos poucos, ela descobriu que poderia encontrar significado e até uma nova paixão em ensinar.

Com o tempo, Luísa começou a incorporar sua antiga vida em suas aulas. Usava músicas para ensinar períodos históricos, incentivava debates sobre letras de canções e sua influência na sociedade. Seus alunos, que no começo a viam apenas como mais uma professora, começaram a admirá-la. A notícia de que a professora Luísa já havia sido uma rockeira famosa se espalhou pelos corredores da escola como fogo em palha seca.

Apesar de ter trocado o palco pela sala de aula, a música nunca deixou de ser parte essencial de sua vida. Nos fins de semana, depois de colocar a filha para dormir, Luísa pegava sua velha guitarra e tocava na sala de casa, relembrando os velhos tempos. Paulo, agora gerente de uma loja de instrumentos musicais, frequentemente se juntava a ela, e juntos reviviam um pouco da magia que outrora encantara tantas pessoas.

A estabilidade da classe média trouxe tranquilidade, mas não apagou a chama artística de Luísa. Ela encontrou um equilíbrio entre as duas partes de sua vida. E, de certa forma, continuava a inspirar e a tocar vidas, agora de uma maneira diferente.

Certa vez, ao final de uma aula sobre os movimentos culturais dos anos 80, um de seus alunos perguntou: “Professora, a senhora sente falta de ser uma estrela do rock?” Luísa sorriu, pensativa. “Às vezes”, respondeu. “Mas descobri que posso ser uma estrela de outras formas. E, sinceramente, ensinar a vocês é um dos maiores shows que já fiz.”

Fim


Imagens e músicas geradas com o uso de IAs.

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