A Força do Equilíbrio

Quando duas pessoas se encontram há, na verdade, seis pessoas presentes: duas delas são o que cada uma vê em si mesma, mais duas, o que cada uma vê na outra e, finalmente mais duas, que é o que cada uma realmente é.

Essa citação, atribuída a William James, ilustra bem como pode se tornar difícil o relacionamento entre duas pessoas, principalmente quando esse relacionamento envolve conflitos entre as partes.

É isso mesmo! Afinal, quando você vai falar com alguém, por mais que o conheça, você nunca vai saber com qual deles está falando. Multiplique isso por outras variantes, tais como: o estado emocional de cada um, antecedentes desse relacionamento etc. O risco de um “choque” com consequências graves é bem grande.

Aí cabe outra citação famosa:

Segundo Aristóteles, tratando-se de relacionamentos, o melhor caminho é o do meio, do bom senso e do equilíbrio.

Não estou aqui dizendo para abdicarem de seus direitos, tampouco se alguém tem ou não razão, mas sobre a maneira como se deve “abordar esses conflitos”. É sobre isso a que me refiro!

Normalmente, não são as pessoas que nos ofendem, somos nós que nos ofendemos com o que as pessoas dizem. Afinal, todos conhecem aquele ditado: quem fala o que quer, acaba ouvindo o que não quer.

No mundo moderno, muito mais que antigamente, o equilíbrio emocional, não só nos relacionamentos, mas em toda a vida em si, é fundamental.  William Shakespeare nos ensinou: são as regras da vida, é melhor obedecê-las ou ficará à margem dela.

No mundo atual trabalhamos demais, gastamos demais, assumimos tarefas demais e, em contrapartida, reduzimos demais nossos valores, ou seja: aprendemos a sobreviver, mas não a viver; dominamos muitas coisas, mas não o preconceito; aprendemos a apressar tudo, mas não a esperar; sabemos muitas coisas, mas pouquíssimo sobre humildade; damos muito valor a bens materiais e muito pouco ao amor; enfim, construímos muros ao invés de pontes. O que estou tentando dizer é que esta é a “era” do sou mais eu, dane-se o outro, dois ou mais empregos, vários divórcios, casa chique e lares despedaçados.

Segundo uma crônica de Arnaldo Jabor, já um pouco velha, mas bem atual, no mundo em que vivemos, a maioria das pessoas são como um caminhão de lixo: andam por aí carregadas de porcarias, cheias de frustrações, raiva, traumas e desapontamentos. Esse caminhão vive tão cheio que a tendência é descarregar tudo na primeira pessoa que aparece pela frente. Portanto, é necessário ter cuidado para que todo esse lixo não caia na sua própria cabeça.

O fato é que essas pessoas, conscientemente ou não, nutrem a inútil ideia de que são superiores às demais, quando, na realidade, todos somos pequenos. Geralmente essas pessoas agem assim porque é confortável, porque ser humilde requer esforço e caráter. Sócrates já ensinava: o início da sabedoria é a admissão da própria ignorância. Uma frase atribuída a ele ficou famosa: “Todo o meu saber é saber que nada sei”.

Eu, particularmente, tenho uma tática:

Olho sempre para o céu, para que ele me lembre de como sou pequeno.

Certamente vai ter quem não concorde comigo e vai dizer: nada disso, “meu”, o mundo é dos espertos! Ou, como ficou famoso aquele antigo comercial do Gérson, jogador da Copa de 1970: o importante é tirar vantagem em tudo, certo?

Errado! Na minha modesta opinião, esse pensamento está muitíssimo errado! No entanto, caro leitor, deixo para você concordar ou não comigo, mas peço que, antes de esgotar sua reflexão, busque a razão.

Então, na próxima vez em que for resolver um conflito qualquer, pense nisso tudo e vá “desarmado”: perdoar não anula o passado, mas, certamente, vai engrandecer o futuro.

Que a paz esteja com todos.

Darci Men

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