Nós brasileiros, além do futebol e do samba, gostamos de usar palavras no dia a dia que deixam os acadêmicos da língua portuguesa de “cabelo em pé”.
Certo dia enviei para o meu irmão, J. Men, um texto para ele “apreciar”. Ele deu o seu “parecer”, usando os seguintes termos:
— “Puta merda” hermanito. Você manda bem mesmo!
(Na época, ele trabalhava na Argentina e vivia utilizando termos portenhos).
Dois dias depois ele mandou-me outro e-mail, usando um “tom” conciliador, que dizia:
— “Hermano”. Percebi que cometi uma gafe contigo, ainda mais com a tua veia de escritor! Usei a expressão “puta merda”, mas foi no sentido bom, de exclamação, de indicação: como quem diz, “que beleza!”, e não no sentido literal da palavra. Fiquei com isso na consciência e para corrigir a minha falha, envio-lhe algo a respeito.
Assim, mandou-me um texto que não sei se é de sua autoria, mas vou reproduzir porque achei interessante:
A palavra mais rica da língua portuguesa.
A palavra mais rica da língua portuguesa é a palavra “merda” (nem o Aurélio definiu bem). Esta versátil palavra pode mesmo ser considerada um “coringa” da língua portuguesa, senão vejamos:
1) Como indicação geográfica:
a) Onde mesmo fica essa merda?
b) Vá à merda!
c) Vou embora dessa merda.
2) Como substantivo qualificativo:
Você é um merda!
3) Como auxiliar quantitativo:
Trabalho pra caramba e não ganho merda nenhuma!
4) Como indicador de especialização profissional:
Ele só faz merda.
5) Como indicativo de MBA:
Ele faz muita merda.
6) Como sinônimo de covarde:
Seu merda.
7) Como questionamento dirigido:
Fez merda, né?
8) Como indicador visual:
Não se enxerga merda nenhuma!
9) Como elemento de indicação do caminho a ser percorrido:
Porque você não vai à merda?
10) Como especulação de conhecimento ou surpresa:
Que merda é essa?
11) Como constatação da situação financeira de um indivíduo:
Ele está na merda!
12) Como indicador de ressentimento:
Não ganhei merda nenhuma!
13) Como indicador de admiração ou rejeição:
Puta merda!
14) Como indicador de espécie:
O que esse merda pensa que é?
15) Como indicador de continuidade:
To na mesma merda de sempre.
16) Como indicador de desordem:
Ta tudo uma merda!
17) Como constatação científica dos resultados da alquimia:
Tudo o que ele toca vira merda!
18) Como resultado aplicativo:
Deu merda.
19) Como indicador de performance esportiva:
O São Paulo não está jogando merda nenhuma!
20) Como constatação negativa:
Que merda!
21) Como classificação literária:
“Êita” textinho de merda!
22) Como qualificação de governo:
Nosso governo só faz merda!
23) Como situação de orgulho ou “metidez”:
Ela se acha… E não é merda nenhuma!
24) A última (até que enfim), mas a mais clara aplicação, ou seja: como indicação de ocupação:
Para você ter lido até aqui, é sinal que não está fazendo merda nenhuma!
Que a paz esteja com todos,
Darci Men