“O ano em que meus pais saíram de férias” (2006), do diretor Cao Hamburger, conta a história de um garoto que é deixado aos cuidados de seu avô enquanto seus pais saem de férias.
O filme se passa na época da ditadura militar, e seus pais, na verdade, são militantes de esquerda que são obrigados a viver na clandestinidade por causa de suas posições políticas.
Então, para proteger o filho, deixam-no com o avô.
O avô falece poucas horas antes da chegada do menino ao bairro que, diante da situação, fica aos cuidados de um velho judeu solitário amigo de seu avô.
O contato com uma cultura diferente fará com que o garoto aos poucos perceba a complexidade e a diversidade das relações humanas.
Aprende a conhecer e respeitar uma cultura que é diferente da sua, mas aprende também a conhecer e respeitar toda e qualquer diferença, seja ela social, étnica ou cultural, pois o bairro em que está vivendo agora é marcado pela convivência entre a comunidade negra, italiana e judaica.
Convivência essa que é ilustrada no filme pela percepção e pelos comentários que o menino faz acerca de uma partida de futebol que acontece no bairro envolvendo essas três comunidades.
Com delicadeza, o filme mostra como a política intervia no cotidiano dessas pessoas de modo sutil e não declarado, o que era dito, era dito clandestinamente.
No entanto, aos poucos, toda censura e a repressão militar mostram seus efeitos práticos e cruéis: só a mãe do menino volta para buscá-lo. Quanto ao pai, o filme deixa a entender que, pego pelos militares, talvez não volte jamais.
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