Sempre ouço muitas pessoas – que gostam de ler – dizendo que não gostam de Machado de Assis por causa do trauma escolar de serem obrigados a ler algum de seus livros (e, muitas vezes, ouvir o professor fazendo um discurso de que “é difícil, mas é importante ter lido”…).
Pra mim, esse negócio de “é difícil, mas tem que ler” sempre foi mais um repelente do que um incentivo à leitura, então entendo perfeitamente o sentimento.
Sorte minha que meu primeiro contato com este autor foi diferente 🙂
Eu tive uma professora de Educação Artística na 5ª série que incentivava qualquer tipo de arte.
Bem, certo dia, durante uma das últimas aulas do ano, ela escreveu uma lista de livros na lousa: livros que ela tinha lido, gostado e pensou que nós poderíamos gostar também.
A Obra de Machado de Assis
Brás Cubas
Como nessa época eu já estava começando minha carreira de “rata de biblioteca”, anotei todos os títulos, mas um deles me chamou atenção: “Memórias póstumas e Brás Cubas”.
Até esse momento, eu não fazia ideia de quem era esse cara e o nome do livro me chamou atenção porque eu não sabia o que significava a palavra “póstuma”, então não entendi o nome do livro rs
Minha curiosidade só aumentou depois de consultar um dicionário: era um livro sobre a vida de alguém que tinha morrido ou a vida de alguém depois de morto?
Qual não foi minha surpresa ao abrir o livro emprestado da biblioteca pública e dar de cara com esta dedicatória:
Assim, pude aproveitar o cinismo do Brás Cubas – personagem – e a escrita cheia de ironias e sarcasmos de Machado de Assis – autor – sem a pressão do “tem que ler porque cai no vestibular”.
Depois disso, fui lendo outros romances e contos do autor, todos diferentes entre si, mas ainda com aquela marca da escrita que tinha feito eu me divertir tanto ao ler o “Memórias”.
Simão Bacamarte, o alienista
E assim fui indo, até que na faculdade me deparei com uma professora de Literatura que também escreveu uma lista de livros na lousa, mas, dessa vez, eram só livros do Machado para que fizéssemos um trabalho de análise.
Como o único da lista que eu não tinha lido ainda era “O Alienista”, foi ele o meu escolhido.
E, aí, nós fomos surpreendidos novamente! 😀
“O Alienista” na verdade é um conto, mas, como ele é “grande”, existem algumas edições em que ele é publicado como “romance”, quer dizer, um livro todo só pra ele.
Foi uma edição dessas que eu li e, cara, já se passaram alguns anos, eu já reli algumas vezes e continuo acreditando que esta é uma das melhores – e surpreendentes – histórias que eu já li, e possivelmente lerei, na vida.
Onde acha?
Se você ficou curioso, ou decidiu dar uma segunda chance pro cara, neste site do MEC, em Obra Completa, pode-se baixar suas obras, pois estão em domínio público 😀
P.S.: “O Alienista” foi publicado originalmente no livro de contos “Papéis Avulsos”.
P.S.2: Em 2001, foi lançado o filme “Memórias póstumas de Brás Cubas“. Eu achei uma ótima adaptação e o Reginaldo Faria está incrível como narrador-defunto!
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O Alienista foi uma das melhores experiências literárias que eu tive na vida, muito bom mesmo, recomendo.