Volume Três da Série
E então chegamos ao Volume Três da Série d’O Guia do Mochileiro das Galáxias (quem quiser ler o que escrevi sobre o 1º e 2º estão aqui e aqui).
Assim como o Volume Dois é diferente do Volume Um, esse Volume Três é diferente dos outros dois, tanto no tom como, para mim, na temática também. O tom que rege o livro é melancólico e, por que não, parece ser meio desiludido também com o mundo (o Universo) e os seres [não posso dizer “pessoas”, pois, afinal, estamos num Universo com formas de vida muito diferentes da nossa rs]:
“Contudo, no final foram as tardes de domingo que se tornaram insuportáveis: aquela terrível sensação de não ter absolutamente nada para fazer que se instala em torno de 14h55, quando você sabe que já tomou um número mais que razoável de banhos naquele dia, quando sabe que, por mais que tente se concentrar nos artigos dos jornais, você nunca conseguirá lê-los nem colocar em prática a nova e revolucionária técnica de jardinagem que eles descrevem, e quando sabe que, enquanto olha para o relógio, os ponteiros se movem impiedosamente em direção às 16 horas e logo você entrará no longo e sombrio entardecer da alma.
A partir daí as coisas começaram a perder o sentido. Os sorrisos alegres que costumava distribuir durante os funerais dos outros começaram a sumir. Aos poucos, começou a desprezar o Universo em geral e cada um dos seus habitantes em particular.”
Você se depara com esses parágrafos logo no Capítulo 1, imagine o que vem pela frente… E o que temos pela frente é a história de várias guerras que ocorreram no Universo e uma que está prestar a recomeçar, e que os nossos amigos dos outros volumes, os personagens principais, tentam evitar… talvez não tentem tanto assim rs, mas é em torno desse tema que o livro é desenvolvido. Acredito que por tratar de um “assunto sério” como a guerra (e seus motivos idiotas para acontecerem) é que o livro tenha esse tom mais melancólico. Para vocês terem uma ideia, até mesmo o nosso sempre-animado-e-pronto-para-uma-festa, Zaphod, está enfrentando, nesse terceiro volume, uma crise de identidade, uma depressão, enfim, o cara não está legal…
[P.S.: Não vou falar muito sobre a(s) guerra(s) para não dar spoiler para quem não leu ainda 🙂 ]
POP
O Volume Três é o menos engraçado até agora; os sarcasmos e ironias ainda estão lá, mas, como disse antes, o tom é bem diferente dos outros. Mas há uma cena em que eu ri bastante [aqui acho que pode ser considerado spoiler por alguns, mas vamos lá], que é a cena em que Ford procura algo que ele diz ser um POP, Problema de Outra Pessoa:
“— Um o quê? – perguntou.
— Um POP.
— Um P…?
— … OP.
— E isso seria?
— Um Problema de Outra Pessoa.
— Ah, que bom – disse Arthur, relaxando. Não tinha ideia do que se tratava, mas o assunto parecia ter terminado. Não tinha.
— Lá – disse Ford, apontando novamente para os gigantescos outdoors e olhando para o campo.
— Onde?
— Ali! – disse Ford.
— Estou vendo – disse Arthur, que não estava.
— Está? – disse Ford.
— O quê? – disse Arthur.
— Você está vendo – disse Ford, pacientemente – o POP?
— Achei que você tinha dito que era problema de outra pessoa.
— Exato.
Arthur assentiu lentamente, cuidadosamente e com uma cara de total imbecilidade.
— E quero saber – disse Ford – se você consegue vê-lo.
— Quer mesmo?
— Sim.
— E com o que – disse Arthur – ele se parece?
— E como diabos vou saber, seu burro? – gritou Ford. — Se você consegue vê-lo, você é quem tem que me dizer.”
E a conversa vai ficando cada vez mais maluca e mais engraçada quando você descobre como funciona o conceito de POP, inclusive, em alguns momentos acho que vou tentar aplicá-lo na minha vida… 😉
E vamos para o Volume Quatro!
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