Estávamos reunidos naquele hotel para um workshop de quatro dias.
Éramos ao todo 20 pessoas, todos gerentes das várias empresas do grupo e o objetivo era discutir temas relacionados ao nosso cargo, tais como: liderança, relacionamento interpessoal, produtividade e coisas do gênero.
No segundo dia, logo pela manhã, encontramos afixado na entrada do auditório o seguinte comunicado:
“LAMENTAMOS COMUNICAR QUE FALECEU HOJE UMA PESSOA MUITO PRÓXIMA A TODOS NÓS. PORTANTO, TODOS DEVEM PERMANECER EM SILÊNCIO NO AUDITÓRIO E AGUARDAR INSTRUÇÕES”.
Entre todos os presentes a pergunta era:
— Quem morreu? Alguém sabe alguma coisa?
Ninguém sabia! O tempo foi passando e a ansiedade de todos aumentando, pairava no ar aquele clima tenso, preocupado e até desesperado de uns.
Depois de um longo período de mais de 30 minutos, entrou um dos monitores e quase um tumulto se formou, todos perguntando ao mesmo tempo:
— O que aconteceu? Quem Morreu?
O monitor então falou:
— Calma pessoal, vocês logo saberão!
— O caixão está bem aqui, no hotel e na sala ao lado. – Disse ele – Vocês poderão vê-lo, mas a visitação será efetuada de um em um para evitar tumulto.
Assim foi feito e aquela espera parecia uma eternidade, cada um que retornava
daquela sala voltava em silêncio e com o semblante “pesado” como se tivesse sido atingido pela mais grave tragédia.
Por mais que os outros perguntassem, nenhum deles falava o que tinha visto, aumentando ainda mais a ansiedade dos demais.
Fui um dos últimos a entrar naquela sala. O clima era de “arrepiar”: a sala quase na penumbra, só com as luzes das velas, o ar impregnado com o odor das velas e o perfume de flores e um som ambiente com uma música funesta dava aquela sensação característica dos velórios.
O caixão de uma cor marrom escura bem no centro da sala, apoiado por suportes ornamentados, estava fechado e com apenas um grande visor em sua cabeceira, estava cercado por diversos pedestais com velas acessas e, em todo canto da sala, enormes corroas e com vasos de flores.
Confesso que “gelei”, mas fui em frente e quando olhei pelo visor do caixão a enorme surpresa: dentro do caixão estava o meu próprio rosto, fechei os olhos e abri novamente, apesar da pouca luz, não havia dúvidas, era eu.
Voltei o corpo e na minha cabeça várias perguntas: “estou morto? Estou sonhando?”.
Naquela altura dos acontecimentos, fiquei sem saber o que fazer e virei para os lados procurando ajuda de alguém, mas estava sozinho naquela sala. Queria olhar novamente dentro daquele caixão, mas alguma coisa me impedia.
Depois de algum tempo criei coragem e olhei novamente e só então é que compreendi: naquele visor, ao invés de um vidro transparente, existia um espelho.
Ao sair da sala um monitor me orientou a retornar ao auditório e não contar a
ninguém o que tinha visto.
Depois do retorno do último visitante ao “defunto” é que nos foi esclarecido o motivo de tudo aquilo, ou seja:
— O OBJETIVO DESTA ENCENAÇÃO É PARA VOCÊS REFLETIREM E NUNCA ESQUECEREM QUE O PIOR INIMIGO DE VOCÊS NÃO É O SEU CHEFE, SEU PATRÃO, SEU VIZINHO, O MOTORISTA DO CARRO AO LADO OU QUALQUER OUTRA PESSOA. O SEU PIOR INIMIGO É VOCÊ MESMO, PORTANTO DEIXE PARA SEMPRE NAQUELE CAIXÃO O SEU LADO NEGATIVO.
Que a paz esteja com todos.
Darci Men
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