Você começa a assistir e acha que veio o DVD errado dentro da caixa. Mas não. É o filme certo. Distrito 9 (2009) é um filme de ficção científica que vem a nós como um documentário. E você começa achando que é um documentário ficcional sobre alienígenas.
Como documentário, tem todos os seus defeitos e os seus méritos: vários especialistas de várias áreas diferentes dando sua opinião sobre os fatos, muitas opiniões e possibilidades. Certeza de nada. Como num documentário, enquanto os “entendidos” vão falando, as imagens vão passando, ou seja, o que é falado é o que é mostrado: sem grandes surpresas.
O mérito do diretor (Neill Blomkamp), em minha opinião, é que, conforme a ação vai se intensificando, o formato de documentário é posto de lado, enquanto a narrativa propriamente dita vai tomando espaço.
No meu caso, fui envolvida de tal forma pela história que só me atentei a este fato depois do filme terminado, ou quase, quando, no final, o diretor se vale dos especialistas novamente para encerrar o filme mas não a história deixando em aberto o seu final.
Outro ponto em que a história me “ganhou”, foi o fato de a nave alienígena estar pairando sobre Joanesburgo, na África do Sul, e não sobre alguma “capital” da economia ou da política mundial…
Quem foi que disse que os extraterrestres pensam da mesma forma que nós sobre que região é ou não realmente importante? Fazer pairar uma nave sobre a “periferia” do mundo… Sem palavras!
É claro que a medida que o “documentário” avança, vamos percebendo que os alienígenas podem ser interpretados como uma metáfora para a questão do olhar sobre o estrangeiro.
Enquanto os alienígenas/estrangeiros cumprem as regras que os “donos” do território estabelecem para eles, são bem-vindos. A partir do momento que os intrusos começam a se sentir em casa demais, saindo dos limites dos muros que foram estabelecidos pelos humanos, aí começam a incomodar.
E o que fazer com quem nos incomoda e está no nosso território? Como bons seres humanos civilizados que somos… vamos expulsá-los!
O que ocorre então, é que a ação do filme ganha muito com as implicações que acontecem por conta do despejo dos alienígenas do Distrito 9 para serem realojados no Distrito 10 (muito semelhante a um campo de concentração…).
O que fiquei me perguntando nessa hora foi: “Se fossem humanos, se fosse uma favela ocupada por humanos e não por alienígenas (estrangeiros), o tratamento dispensado seria diferente?” Eu acho que não…
Bom, vou parando por aqui para não entregar mais do filme do que já entreguei! Só vale a pena dizer que há muito mais a ser explorado nessa história e de vários pontos de vista diferentes…
Para finalizar, diria que é o tipo de filme que, mesmo deixando o final em aberto, não precisa de uma continuação. É uma obra completa. Como história, talvez, mereça sim uma continuação para matar a nossa curiosidade tão marcadamente humana…
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E por falar em curiosidade…
Em 2005, Neill Blomkamp, escreveu e dirigiu o curta-metragem Alive in Jorburg que serviu de premissa para o filme Distrito 9 (2009). Como já comentamos num post aqui do blog: Alive in Joburg – Curta.
Veja o curta, depois o filme e bom divertimento!
E você que já viu o filme, quais foram suas impressões?
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