A Mulher Maravilha pode salvar o mundo

por Lynda Carter (Tradução de Marcelo Viana do DSC)

“Você trouxe seu Laço da Verdade?”. As pessoas me perguntam e eu tenho que rir.

Mas é verdade – é um de seus acessórios, da Mulher Maravilha. Ela é, afinal, uma mulher experiente. Mas como bem sabemos, a forma segue a função. Tudo que ela usa tem um propósito: seus braceletes dourados ricocheteiam balas, seu Cinturão de Vênus lhe dá força sobre-humana, sua tiara é um bumerangue e seu laço obriga os outros a falaram a verdade. E isto é só o que podemos ver. O intelecto da Mulher Maravilha é seu verdadeiro poder. Ela é honesta e não usa armas e chuta traseiros.

Eu era como cada garotinha que adorava ler os quadrinhos da Mulher Maravilha. Na época, não havia muitos modelos femininos fortes. Havia a Betty e Verônica de Archie, e então havia a Mulher Maravilha.  E eles realmente me ofereceram pagar pra interpretá-la na televisão. Imagine só! Eu faria isso de graça. Eu estava em Hollywood estudando atuação e era uma inocente caloura naquela cidade. Eu tinha só 24 anos e colocar aquele uniforme – o maiô com a bandeira americana – era a emoção de uma vida.

Dito isto, seu uniforme e acessórios não definiam a essência da Mulher Maravilha. Ela é o “Lado Secreto” dentro de cada mulher – a linda, destemida, obstinada e poderosa mulher que sabíamos residir dentro de nós. Ela é a antítese da “vítima”. Ela é a mãe solteira trabalhando em múltiplos empregos, a heroína pouco celebrada, a irmã que te apóia, a filha devotada, a amada esposa. Ela é o arquétipo da Liberdade Feminina e esta parte de nós que não é confinada por qualquer função social.

A Mulher Maravilha ficou distante de cada mulher de seu tempo. Ela era sempre vista como – desejada como – uma conexão com outros neste novo mundo. A quem ela poderia se voltar? Não só ela era separada de sua família e suas raízes, mas também tinha sua identidade pra proteger. É esta necessidade de conexão que, na minha opinião, sempre fez dela uma personagem humana, simpática e complexa.

Eu nunca tentei tratá-la como burra ou uma bi-dimensional personagem de quadrinhos; eu tinha muito respeito por ela pra fazer isto. Eu a interpretava como se fosse real. Ela tinha duas faces que mostrava ao mundo, mas ela era uma só pessoa. Princesa Diana é a Mulher Maravilha. Elas eram diferentes aspectos do mesmo indivíduo.

Na verdade, eu nunca interpretei a “Mulher Maravilha” – eu interpretava a Princesa Diana (Diana vulgo Ártemis, deusa da caça e das coisas selvagens). Ela veio de uma ilha de mulheres onde não era necessariamente a mais linda ou a mais forte. Ela não era excessivamente impressionante por si só. Ela estava intrigada com Steve Trevor e lutou pela chance de ser aquela que o levaria para seu lar. Quando ela se descobriu neste outro mundo, a América dos anos 1940, suas heróicas reações fluíram naturalmente de seus valores e seus poderes.

Enquanto eu sempre for identificada com o papel, a Mulher Maravilha pertencerá a todos nós. Ela viverá dentro de nós. Ela é o símbolo das extraordinárias habilidades que residem em nós, escondidas através do que elas podem ser – que, eu acho, é o dom mais importante que a Mulher Maravilha oferece às mulheres. Talvez nosso verdadeiro desafio no século 21 seja lutar pra alcançar nosso potencial enquanto abraçamos seus valores. A Mulher Maravilha é destemida. Ela vê a bondade em todos, convencida de que eles são capazes de mudar, com compaixão e generosidade. Ela tem coração e esperança, e tem um grande senso de humor. Esses são alguns dos importantes dons que os Adaptáveis Poderes Femininos têm a oferecer. Em uma época onde o feminismo tem suas restrições arrancadas ao redor do mundo, a Mulher Maravilha permanece um importante arquétipo.

Eu adorava a Mulher Maravilha quando criança, eu adorava a Mulher Maravilha quando a interpretava e adoro a Mulher Maravilha atualmente. Ela é a deusa dentro de todos nós.

Se Einstein está certo, e a imaginação é mais importante do que o conhecimento, então, talvez, o que precisamos é nos “maravilhar”… Abrir nossas mentes e nossos corações para acreditar no que não podemos ver.

Quem sabe? Talvez a Mulher Maravilha possa salvar o mundo.

LYNDA CARTER

Fonte: http://dcu.blog.dccomics.com/2010/06/28/wonder-woman-can-save-the-world-by-lynda-carter/

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