Leia as publicações 1 e 2 e o começo da história antes! caso necessite, aqui as partes 1 e 2!
V – Os atentados
Enquanto eu admirava a beleza daquela mulher, entrou o comandante.
Ele estava usando o fardamento de gala do exército, com inúmeras medalhas no peito. Pensei comigo: ele não quer chamar a atenção e parece uma árvore de natal.
Fiz-lhe a continência e o homem parecia mais tranquilo, em comparação da última vez em que nos vimos. Foi então que ele falou:
— À vontade, soldado! Decorou bem o caminho?
Eu disse que sim e ele continuou:
— Vamos devagar, temos bastante tempo. Voltou-se para mim e apontando para um canto, disse:
— Soldado, traga esta caixa.
Olhei para ela e vi que estava embrulhada para presente. Não era muito grande, mais ou menos 80 x 80 centímetros, mas, quando fui levantá-la, notei que era pesadíssima e quase não aguentei. Fiquei pensando: o que tem aqui dentro? Chumbo?
Não perguntei, mas a dona Marta, percebendo o meu esforço, esclareceu:
— Pesado, não? – disse ela com aquele lindo sorriso – É uma peça antiga em bronze, raríssima! Um presente para a Maria do Carmo, tenha cuidado!
Eu fui colocar a caixa no porta-malas do opala, enquanto o comandante e a dona Marta sentaram no banco de trás. Mal tinha sentado ao volante e o comandante ordenou:
— Ligue o rádio, quero ouvir as notícias.
Na pressa nem tinha notado que aquele carro tinha rádio, atrapalhei-me um pouco até que consegui e o comandante voltou a ordenar:
— Essa emissora não, a outra mais à direita.
Pensei comigo: tanta preocupação com o que pode acontecer e esse chato fica “enchendo o saco” com rádio!
Liguei o carro e saí, nem estava prestando atenção no que diziam no rádio até que o comandante, todo exaltado, comentou:
— Meu Deus, a coisa está feia. Só então me inteirei que o locutor falava dos últimos acontecimentos nos Jogos Olímpicos de Munique, na Alemanha.
(Coincidentemente, naqueles dias, aconteciam os Jogos Olímpicos e, na manhã de 5.9.72, terroristas palestinos do grupo “Setembro Negro”, entraram no alojamento dos atletas israelenses e, posteriormente, resultou na morte de 19 pessoas e muitos feridos, no que ficou conhecido como “A Tragédia de Munique”).
Tentei prestar atenção no rádio, mas um carro que vinha atrás de nós me chamou a atenção. Já o tinha visto em outra rua que passamos, era um corcel de quatro portas e estava cheio de homens dentro. Foi então que falei:
— Comandante tem um carro suspeito nos seguindo. Ele virou-se para trás e enquanto examinava o carro, perguntou:
— Não é o nosso pessoal? Eu respondi que era pouco provável, pois tinha visto o nosso pessoal e eles estavam em um carro maior, do tipo Veraneio. Então o comandante, ordenou:
— “Pisa fundo” e tente fugir, mesmo que tenha de sair do roteiro..
Obedeci, acelerei o mais que pude, entrei em uma rua estreita toda esburacada, virei em outra mais longa, mas não menos problemática e pude notar que o corcel continuava nos seguindo. Foi então que ouvi disparos de armas de fogo e gritei:
— Abaixem! Estão atirando! Cadê a nossa “cobertura”?
Só aí vi que a veraneio do exército apareceu bem na nossa frente, saindo de uma rua transversal. O comandante também a viu, ordenando:
— Continua, continua que o nosso pessoal toma conta deles.
Pude ouvir mais alguns disparos de arma, mas a rua tinha uma curva e não vi mais nada.
Pelo sim, pelo não, continuei em alta velocidade, entrei em outra rua, tentando me localizar, mas não sabia onde estava até que passei por um enorme buraco, o carro pulou tanto que dona Marta subiu até o teto, bateu nele e voltou e o carro começou a fazer um barulho estranho, a direção ficou “boba” e tive que diminuir a velocidade. O comandante, perguntou:
— O que houve? Porque estamos parando?
— A suspensão quebrou! – respondi – O senhor desce do carro e procure abrigo que darei cobertura.
Encostei o carro como pude e desci, ao mesmo tempo tirava a arma do coldre, enquanto lembrava da recomendação do sargento:
— Não se esqueça de destravar a arma.
Posicionei-me atrás de um poste e vi que o Comandante tentava abrir um portão de uma casa e não estava conseguindo, olhei atrás de mim e havia outro portão, dei-lhe um pontapé com o coturno e o portão abriu. imediatamente gritei:
— Por aqui.
E o comandante veio carregando a esposa, ela mal andava e sua testa estava sangrando. Foi então que perguntei:
— Tudo bem com ela? Ele respondeu que sim, e que continuasse atento à rua.
Incrivelmente, àquela altura, tudo ficou quieto, ninguém na rua, nada, saí de trás do poste e olhei pelo portão e não vi ninguém, pensei: o comandante deve ter entrado na casa. Só então me dei conta que tinha deixado o carro ligado e ainda funcionava, era o único barulho que se ouvia até que vi um homem andando e olhando para o carro. Instintivamente apontei a arma para o seu peito e, por muito pouco não atiro, até que percebi tratar-se de um transeunte qualquer. Foi então que gritei:
— Sai, sai daqui, o senhor está correndo perigo. O homem hesitou um pouco e saiu correndo.
Passou algum tempo e nada mais aconteceu. Foi então que o comandante veio checar se havia algum perigo, perguntando:
— Tudo bem? Eu disse que sim e ele continuou:
— Já chamei ajuda por telefone, aguente firme.
Ele já ia voltando para a casa, quando eu que perguntei:
— E a dona Marta?
— Machucou a testa, – respondeu ele – um belo “galo” e um pouco tonta, mas tudo bem.
Em seguida o local ficou cheio de viaturas militares com muitos soldados, todos armados com fuzis e metralhadoras e um sargento me perguntou pelo comandante.
Indiquei que estava dentro da casa e ele, olhando para o opala, comentou:
— Parece uma “peneira”; todos estão bem?
Só então reparei que a traseira do opala tinha diversas perfurações de bala.
Aí “caiu a ficha”! Minhas pernas começaram a tremer e nem respondi ao sargento. Sentei no chão, deixei a arma de lado e assim fiquei por um bom tempo até que o sargento pegou a arma e me devolveu e, dando tapinhas no meu ombro, comentou:
— A primeira vez é assim mesmo, você se acostuma. E, sem dizer mais nada, saiu e entrou na casa.
Quando ele retornou eu já estava “recuperado”, aí eu disse:
— Vamos precisar de outro veículo. Ele respondeu que já estava sendo providenciado e seguiu em direção aos demais soldados, dando ordens aqui e ali.
Os Ossos do Imperador:
Escrito por Darci Men e baseado em fatos reais, alguns nomes foram alterados para preservar suas identidades.
Eu achei o texto super bom só q eh um poko longo.
Bj
voce escreve muito bem, mas tipo, eu achei um texto MUITO longo, cansa na leitura, não sei se outros leitores vão falar o mesmo, mas é a minha opiniao (se voce olhar meu blog, é a mesma coisa, é grande, com textos grandes, mas o meu blog trata de uma coisa diferente). o seu é uma história e tem gente que tem preguiça de ler.. e vai comentar assim, Interessante, legal.. valeu?
Esse texto não foi escrito pra blog, foi gentilmente cedido pelo autor e adaptado pra essa mídia. Mesmo assim, creio que o conteúdi faça valer os poucos minutos que passamos a apreciar o texto.
Vinicius, Diogo. Ambos tem razão. O Vinícius foi feliz quando afirmou que as pessoas tem preguiça de ler textos grandes (as vezes não é só preguisa). O Diogo também tem razão, porque o texto não foi feito para Blog. Mas o que vale mesmo é isso que estamos fazendo, lendo o texto e conversando sobre ele. Que venham muitos comentários, sejam eles para elogiar ou para criticar. Obrigado a todos.
Darci