Uivos Literários 01 – TRAIR OU NÃO TRAIR?

 Pensei em vários temas para o texto dessa semana, sem chegar a uma decisão. Foi um sonho que me revelou sobre o que escrever: traição.

Desde sempre, um assunto polêmico e, como não poderia deixar de ser, presente na Literatura.

Na Bíblia podemos encontrar várias passagens, como por exemplo a história de Abraão, que engravida sua escrava Agar, nascendo então

Ismael, o filho de temperamento ruim, contrapondo-se a Isaac, filho legítimo e bondoso. Outra passagem é Jesus salvando a adúltera de ser apedrejada, na qual se percebe o rigor com que a traição feminina era tratada em Israel.

 

Já na mitologia grega existem as diversas traições de Zeus; Afrodite, que traiu seu marido Hefestus; e, a mais famosa: a história da Guerra de Troia, iniciada com a fuga de Helena, esposa de Menelau, rei de Esparta, em companhia do príncipe Páris de Troia.

 

Na Literatura mais recente, podemos encontrar a traição em obras Realistas e Naturalistas como “Madame Bovary”, de Gustave Flaubert, ou “O Primo Basílio”, de Eça de Queirós. Em ambas, a mulher é retratada como tola e fraca, susceptível a ser traidora. Para se fazer a justiça social da época, a vida da esposa infiel era a paga por seus erros.

 

Dentre os autores brasileiros, posso citar Aluísio de Azevedo, registrando magistralmente em “O Cortiço” o envolvimento de Jerônimo e Rita Baiana; e o grande mestre Machado de Assis explora essa temática em contos como “A Cartomante”, “Missa do Galo”, “Uns braços” e em romances, destacando “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, no qual o protagonista mantém um caso com Virgília e, o meu preferido: “Dom Casmurro”, no qual a sombra da traição paira sobre o leitor, sem desvelar-se por completo.

Entre as mulheres, cito Bárbara Gowdy, com “Mister Sandman”, no qual a traição permeia a vida de todos os personagens centrais, zombando dos valores da época. Outro livro que me ocorre é “Cem escovadas antes de ir para a cama”, de Melissa Paranello. Nesta obra, homens comprometidos traem suas companheiras com Melissa, sobrepujando os sentimentos com o prazer.

Sempre controverso, sempre instigante, este tema faz pensar e questionar valores e costumes. E por isso é tema de debates, livros e reflexões bem saborosas.

 

TRAIR OU NÃO TRAIR?

 

por Joyce Oliveira

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Nessa nova coluna o tema central será sempre a literatura, de maneira direta ou indireta.

5 comentários em “Uivos Literários 01 – TRAIR OU NÃO TRAIR?”

  1. Acho q esse tema aquece conversas desde sempre. O mais curioso é reparar a definição de "ética" presente nas numerosas pessoas que são contra traição mais traem. É o popular "pimenta no C* dos outros é refresco.

    Também é impressionante notar como a natureza do ser-humano pune adulteros (não que esses estejão certos) com o mesmo rigor de crimes hediondos. Exemplo disso são os "crimes de honra", que , por assim serem considerados os atos, comumente abrandam a pena de criminosos não somente em paises de "cultura radical", mas também no Brasil.

    Adorei a coluna. Acompanharei os próximos temas.

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  2. Com certeza a traição é um tema polêmico, pois, após o surgimento da propriedade privada, fomos obrigados a ser monogâmicos. Contudo, não acho que exista problema em ser monogâmico, só acho que não podemos tratar as pessoas como propriedade. O livro Dom Casmurro expressa muito bem a sensação em ser traído. Propositalmente, Machado nos deixa a dúvida, a incerteza, a angústia, enfim o medo de perder o que nem sequer tivemos.

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