Deus está morto. E isso já faz muito tempo!

Um louco aproxima-se da multidão segurando uma lanterna ao sol do meio-dia e grita:

Procuro Deus.

Muitos deram risada da cara do louco. O louco encarou a multidão e disse:

 Deus está morto, nós o matamos! Você e eu!

Todos acham que foi Nietzsche que disse essa frase, mas também não foi Shakespeare que teria dito: “há mais coisas no céu e na terra do que sonha nossa vã filosofia”, e sim, Hamlet para Horácio.

Nietzsche escreveu: “uma coisa sou eu, outra meus escritos…” (“Por que escrevo livros tão bons?” em Ecce Homo). O louco que é citado está no aforismo 125 do livro “A Gaia Ciência” e é quem anuncia a morte de Deus e não Nietzsche.

A morte de Deus não pode ser interpretada como a de um ser concreto “à nossa imagem e semelhança”, porquanto é o Deus transcendental, a humanidade descrê de valores absolutos. Então o homem sentirá certa insegurança pelo qual o cheiro pútrido do SER-metafísico se exalar no ar, contudo Nietzsche apresenta o Super-homem (não o herói em quadrinhos), pois o homem deve ser superado.

O homem não deve genuflexar com as palmas das mãos juntas olhando para o céu, o homem tem que seguir o seu caminho, fazer as suas escolhas sem arrependimentos, sendo boas ou más. Portanto é a vontade de potência de cada um que pode elevar-se à felicidade, para além do bem e do mal.

Matar Deus tem o sentido de anular o dogma religioso burocrático desde o início do cristianismo, tendo como base o platonismo, é a auto-afirmação da vida.

O cristianismo hoje não é nada mais do que ganhar fiéis em cima do sofrimento alheio! Em um grande sistema capitalista religioso que fatura monstruosamente na ingenuidade do próximo.

O Mundo das Ideias de Platão é o paraíso cristão das realidades concretas, ou seja, são sombras das ideias do mundo inteligível. Surgindo daí a criação do Céu e do Inferno.

“Então o homem sentirá certa insegurança pelo qual o cheiro pútrido do SER-metafísico”

A ideia da morte de Deus não deve ser interpretada como lema ateísta, porque se pode acreditar na existência de Deus, porém pode-se matá-lo em seu coração para viver uma vida sem culpa ou arrependimentos. Alguns veem Deus como maldoso, outros, bondoso. Cada um de nós tem interpretações únicas sobre Deus.

A humanidade nunca experimentou Deus, pois enquanto estes homens gananciosos comandarem os sistemas religiosos, mais rebanhos de escravizados sustentaram os suntuosos templos.

Já faz muito tempo que matamos Deus, talvez o louco no começo deste artigo tenha razão, pois o homem nunca compreendeu (ou nunca achou) Deus, a não ser por algum tipo de vantagem própria.

Para conhecer mais, leia de Nietzsche:

A Gaia Ciência: “A Gaia Ciência” é uma obra filosófica de Friedrich Nietzsche, na qual o autor explora temas como a morte de Deus, a moralidade, a arte e o eterno retorno. O livro é composto por aforismos e reflexões sobre a condição humana, convidando o leitor a questionar suas crenças e valores.

Para Além do Bem e do Mal: “Para Além do Bem e do Mal” é uma obra que apresenta uma crítica contundente aos sistemas morais tradicionais e à dicotomia entre o bem e o mal. Nietzsche propõe uma visão além desses conceitos, buscando a superação das convenções morais e a afirmação da vontade de poder como princípio fundamental da vida.

O Anticristo: “O Anticristo” é um livro em que Nietzsche critica ferozmente o cristianismo e suas influências na cultura ocidental. O autor denuncia os valores ascéticos e a negação da vida promovidos pela religião, propondo uma visão mais afirmativa e valorizando a busca pela realização plena neste mundo.

Ecce Homo: “Ecce Homo” é uma autobiografia escrita por Nietzsche no final de sua vida, na qual ele reflete sobre sua própria obra, suas ideias e sua trajetória como filósofo. O livro aborda temas como a crítica à moralidade tradicional, a busca pela verdade e a transvalorização dos valores.

Assim Falou Zaratustra: “Assim Falou Zaratustra” é considerada uma das obras mais importantes de Nietzsche. Escrito em forma de poesia e prosa, o livro apresenta a figura de Zaratustra, um profeta que busca a superação do homem e o surgimento do super-homem, um ser capaz de criar seus próprios valores e viver de acordo com sua vontade de poder. A obra aborda temas como a eterna recorrência, a vontade de potência e a busca pela auto-superação.

6 comentários em “Deus está morto. E isso já faz muito tempo!”

  1. Digite o texto aqui!É importante saber ler Friedrich Nietzsche. Ele contesta o deus pai bíblico que felizmente nunca existiu e infelizmente continua existindo na cabeça de muitos. Nietzsche contesta o Cristo elaborado pela religião e que também nunca existiu. Ele não se refere ao Jesus humano, um espírito evoluido que veio trazer uma mensagem de moral, não a moral dos hipócritas ligada a sexo, mas a moral cósmica onde devemos respeitar o próximo ou em sua linguagem: amarmos uns aos outros. Visitem meu blog: omitododeuspai24x7.blogspot.com e encontrarão a verdade sobre o deus pai.

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  2. E aí Éder!

    Muito bom o seu post. Só não concordo em dizer que o cristianismo se resuma a ganhar fiéis em cima do sofrimento alheio. Não creio que dê pra reduzir tão absurdamente algo tão grandioso e complexo como o cristianismo. Na mesma época do avanço do capitalismo industrial, houve concomitantemente uma grande reforma dos dogmas da igreja que, por necessidade do contexto ecônomico, acabou por se acomodar às necessidades do capitalismo, surgindo daí uma ética religiosa que favorece o novo modelo de produção (vide Max Weber em seu Reforma protestante e o espírito do capitalismo). No entanto, as raízes do cristianismo são muito mais antigas, e remontam ao Judaísmo, Platonismo, Idade Média, e conseqüentemente, a contextos históricos diferentes e em transformação. Apesar da reforma da igreja ocorrida no século XVIII e que, de certo modo, manteve os dogmas religiosos tradicionais, porém visando finalidades práticas diferentes (a obtenção de lucro, o trabalho como virtude praticamente ascética, o “estilo de vida cristão” voltado para o trabalho), não se pode jogar pelos ares tudo o que o cristianismo representa enquanto expressão humana, não só no âmbito estritamente religioso e institucional (a igreja católica, por exemplo), mas também na sua dimensão de expressão cultural, seu surgimento, motivações históricas, ramificações, enfim, uma série de fatores que se referem a uma das mais influentes religiões da história. Quando Nietzsche critica o cristianismo, está exatamente a criticar a sua influência na trajetória histórica do ocidente, o que implica, ironicamente, em reconhecer sua importância.

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    • Voc~e se confunde um pouco…Vou tentar simplificar… Uma coisa é eu criticar a Coca Cola comoindústria, e outra é eu reclamar dos refrigerantes dela. Parece que você andou misturando as coisas quando disse que uma pessoa, ao questionar o cristianismo, questiona a história. São coisas diferentes.

      Se precisar, eu mando um desenho depois. 🙂

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  3. ACREDITO EM UM SER, QUE DENOMINAMOS: DEUS, MAS QUANDO ESTOU ENCURRALADA, EU O “BLASFEMO”. HOJE, VEJO, QUE SOMOS DEUSES DE NOSSAS PRÓPRIAS AÇÕES. SE NÃO FIZERMOS POR NÓS,” DEUS”, NÃO O FARÁ.
    O SOFRIMENTO, NOS FAZ CRER, QUE ESTAMOS SÓS!!!!!!!!!!!!!!!
    PARABÉNS, VC, ESTÁ CERTÍSSIMO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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  4. Cara concordo parcialmente com você. A seguinte frase:”O cristianismo hoje não é nada mais do que ganhar fiéis em cima do sofrimento alheio! Em um grande sistema capitalista religioso que fatura monstruosamente na ingenuidade do próximo.” Se trata da mais pura verdade.
    Como você mesmo disse,Deus pode ser interpretado de varias formas. Eu não acredito no Deus que existe na bíblia,nem no que é imposto pela igreja,acredito no meu Deus, que pode ser chamado também de Universo,pode parecer clichê mas é assim que eu levo a vida. As pessoas por não acharem uma saída,procuram solução no desconhecido,no caso Deus.
    Gostei do post! Parabéns!!

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  5. Acho que os Deuses morrem o tempo todo, desde quando nós começamos a inventá-los é assim, e depois de certo período são eliminados por outros até que chegou o dia de vários se unirem e se descobrissem com UM.
    Esse texto foi escrito enquanto da transição de um Deus tirano pra um Deus marketeiro, tecnologico, e doido por exorcismos pelas esquinas!

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