La Lunna – Mulheres: A ilusão dos direitos democráticos

O feminismo aparece, nos fins do século XVIII, como doutrina de defesa dos direitos democráticos das mulheres, no interior da Revolução burguesa de 1789. No período histórico da Revolução Francesa, o feminismo passou a atuar como movimento político, reivindicando a melhoria das condições de vida e trabalho das mulheres, a sua participação política, o fim da prostituição, o acesso à educação e a igualdade de direitos entre os sexos.

La Lunna

Após a Revolução Francesa, surgiram, no interior do movimento feminista, diversas outras doutrinas da libertação da mulher, que nem sempre tiveram preocupações convergentes. Mas ainda que existam diferenças claras entre as diversas abordagens feministas, parece-nos que existe entre elas certa identidade teórica. Em geral, os estudiosos da questão feminina buscam apoio para desenvolver as suas formulações doutrinárias em conceitos que não se entrelaçam com o movimento político concreto das mulheres, mas, antes, sobretudo, procuram apoiar-se em dados da antropologia, da economia, da sociologia, da psicologia e de outras ciências humanas.

As diversas doutrinas sobre o feminino não se relacionam à própria prática política das mulheres. Podemos dizer que nesses movimentos existem grandes contradições, pois sendo o feminismo um movimento de mulheres, as teorias sobre o feminino costumam falar de uma espécie de Mulher Universal, ou seja, de uma mulher presente em qualquer época histórica. Constrói-se assim a crença de que existe a Mulher enquanto conceito Universal.

Votes for women

Com o avanço da tecnologia, muitas transformações ocorreram na vida humana, que tiveram grande impacto na vida dos trabalhadores. Este novo processo se deu basicamente na fábrica, permitindo o aperfeiçoamento da divisão do trabalho. Com a introdução da maquinaria no século XIX, a base técnica do processo de produção não se encontrava mais no saber do trabalhador, mas sim na maquinaria e em seu manejo mecânico.

A grande indústria capitalista, como dizia Marx, passou então a exigir menos força física no processo de trabalho e, consequentemente, a mão de obra feminina encontrou seu lugar no processo de produção capitalista. Então, para Marx, a mulher é lançada no mercado de trabalho do mesmo modo que o homem da classe operária e, como ele, tem a sua força de trabalho apropriada indevidamente pelo capital.

Concluindo, a conquista de direitos e a verdadeira emancipação da mulher não podem ocorrer dentro do sistema capitalista. A luta das mulheres é de toda a classe trabalhadora contra a burguesia. Como vimos, a história tem demonstrado que as relações entre homens e mulheres são construídas com base em determinadas realidades sociais, e também que o avanço do capitalismo fez com que essas relações se tornassem cada vez mais complexas, permanecendo, contudo, a desigualdade e a opressão.

Em seu surgimento, o movimento feminista pensava em questões ligadas à prática política, hoje tornou-se apenas mais uma produção da pesquisa acadêmica. Exemplo disso é a mais recente Lei Maria da Penha, que cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar, mas, ao mesmo tempo, os projetos de lei orçamentária reduzem os recursos para o combate à violência.

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La Lunna é onde trataremos de questões históricas e de direitos referentes a políticas para mulheres.

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23 comentários em “La Lunna – Mulheres: A ilusão dos direitos democráticos”

  1. Sim, num trabalho onde vc é explorado e oprimido é difícil mesmo. Acredito que possa existir realização pessoal no trabalho desde que se dê a ele seu devido valor. Quanto à família, realmente é possível, mas quem quer viver somente com as condições básicas?

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    • Ola elaine, gostei muito de todos seus artigos. Eu estou no 4o ano de Direito, adoraria poder trocar mais idéias com vc, quero fazer minha monografia no tema sobre Mulhres no direito . Vc teria orkut, email para podermos trocar informações? Gostaria muito de mater contato com vc

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  2. Concordo Iraci, mas porque essas pessoas estão condicionadas ou acostumadas é a questão. No caso das mulheres, acredito que nenhuma delas goste de machismo, mas como acham que é algo natural acabam aceitando sem questionar ou se rebelar. Quanto aos jovens, é fato que eles não tem perspectivas e acham que ser feliz é conseguir adquirir o que o sistema impõe: carros, empregos bons e uma família. Mas será que isso é realmente felicidade? Eu me pergunto. Eu gostaria de ter uma família, ser realizada no meu trabalho e ter as condições básicas de vida, mas posso afirmar que nesse sistema isso não é possível. Abraços!

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    • Claro que é possível ter uma família e ter condições básicas de vida.

      Mas ser realizada(o) no trabalho é difícil em qualquer sistema.

      Eu ainda acho que é cada um por si, independente de detalhes como classe ou gênero, e que a unica coisa que importa realmente para o publico em geral é a questão finaceira.

      Salvo raras exceções.

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  3. O que motiva as pessoas a se rebelarem contra o que foi preestabelecido, predeterminado pra elas é o fato de discordarem do que as espera. Quando vc diz que é difícil fazer com que tenham consciência da liberdade que lhes é de direito, primeiro deve ser analisado uma coisa: Será que as pessoas desejam mudar o esta a sua disposição?

    Se um jovem for criado para estudar, ter um bom emprego, casar, ter filhos e um belo carro, e ao passar pela transição de adolescente para adulto ele vislumbra a possibilidade de ter tudo isso, por que ele deveria se rebelar contra o sistema?

    O problema de hoje em dia eu acredito que seja bem pior que isso. Os jovens estão sendo criados sem saber que para conseguir tudo isso ( que ainda faz parte da fantasia da maioria), deve-se passar por um processo de amadurecimento, vida, estudo e trabalho.

    Não lhes é cobrado nada hoje em dia, enquanto estão se formando como adultos. No momento em que se tornarem adultos é que descobrirão que nada surge com os créditos que conseguem durante os jogos de computador. Para se enfrentar a vida e vencer, é necessário que se tenha acumulado créditos de vida. Não somos personagens de jogos, mas personagens da vida real.

    E finalmente, muitos tem medo de mudanças, talvez por isso somente uma pequena parcela da população seja rebelde com relação as regras às quais foram condicionadas.

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  4. A verdade é que essa desigualdade já começa dentro de casa. A criação machista que ensina que elas têm que servir aos homens (Pais, Maridos, Irmãos), como suas mães, avós etc. E tragicamente, essas mesmas criam seus filhos de igual maneira. É a nossa geração que vai poder fazer toda a diferença bem devagar, porque hoje, é terrível dizer isso, mas quando entramos nesse assunto é difícil até mesmo termos o apoio de nossas mães. Que ainda com tudo que vem ocorrendo no mundo ainda chiam e acham ruim que ainda não casamos e saímos para tomar cerveja com os amigos. O primeiro passo para haver uma mudança geral nesse quadro é a conscientização por elas mesmas de que essas mulheres têm o direito de viver melhor e gritar por seus direitos sim. Todos têm sua cota de responsabilidade, desde já para criarmos um mundo melhor onde o respeito e o amor ao próximo seja algo ensinado no berço; seja de ouro, de prata ou de latão. Parabéns irmã pelo seu artigo, fazendo sua parte ajudando a transformar o mundo…

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    • CADA geração tem feito a diferença nos ultimos 100 anos (de maneira mais evidente) pelo menos.

      Mesmo assim é difícil fazer com que cada uma tenha consciência pra utilizar de certa liberdade se são criadas de determinada maneira.

      As pessoas são condicionáveis, apenas 2% vê além do que está na superfície das coisas, e essas são as que mais sofrem.

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  5. Querida Ale
    Eu penso que é nosso papel mostrar a essas mulheres o quanto estão erradas reproduzindo essa cultura machista de olhos vendados, mas ao mesmo tempo, é muito difícil começar a enxergar algo que foi construído ha séculos e que parece tão natual quanto a própria vida .
    Beijos amiga

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    • É verdade é difícil mesmo, mas nós naturalmente já somos diferentes de nossas mães e desenvolvemos esse pensamento crítico, o que a Gri comentou também têm muita relevância, pq elas são as primeiras que não conseguem enxergar essas atitudes cruciais que estão arraigadas na cultura, o que elas pensam ser errado, foi só o que as aprisionou em vidas menos plenas, sem exercer seus direitos por puro medo de não serem aceitas ou ignorância de possuí-los.

      beijãooooooooooo

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  6. Com certeza Gil, é nosso dever ensinar aos nossos filhos que somos seres iguais, sem privilégios ou atributos universais, desmistificando a educação que nos deram os nossos pais.
    Abraço

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  7. PARABÉNS, O ARTIGO, ESTÁ ÓTIMO!!!!!!!!!!!!!
    TÉNS RAZÃO EM DIZER, QUE A MULHER, SEMPRE ESTEVE POR TRÁS DOS MAIORES FEITOS DA HUMANIDADE… E COM O TEMPO ” ELA”, QUIZ “GRITAR”, POR ESSE ESPAÇO. MAS, NÃO SOUBEMOS, COMO LIDAR COM ESSA RESPONSABILIDADE. E ESQUECEMOS DE NOSSOS DEVERES, COMO MÃE. SEMPRE COMPETINDO COM A MASSA MASCULINA E DEIXANDO DE LADO A CRIAÇÃO E EDUCAÇÃO DE NOSSOS FILHOS. SE QUEREMOS LIBERDADE, TEMOS QUE ENSINÁ-LA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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  8. Sim, Elaine. Foi exatamente no intuito de ressaltar que se trata de uma questão de classe e não de gênero que lembrei-me desta passagem do Marcuse. Concordo também quando você diz não haver o universal mulher, por causa da conseqüentemente falta de historicidade que qualquer definição de essência do humano (tanto homem quanto mulher) implica, o que, aliás, fica bastante evidenciado no pensamento de alguns estruturalistas, como Foucault.

    Quanto a ter se referido ao Marcuse, foi exclusivamente por considerar a passagem mencionada muito pertinente ao tema exposto em seu texto, e tão somente esta passagem.

    Depois continuamos a conversar sobre o assunto, ok?

    Obrigado pelas boas vindas!

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  9. Olá Ti, os seus comentários sempre serão bem vindos!
    Em nenhum momento disse que a mulher quer ou deve alcançar o status do homem, e sim somente quando compreender que a sua opressão não é uma questão de gênero e sim de classe , lutando assim com o homem de sua classe na busca de sua libertação. Entendendo que não existe o universal mulher e nem atributos considerados somente femininos. Quanto ao Marcuse, nada contra, eu só prefiro utilizar quem fez uma análise melhor da classe operária.

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  10. Elaine,

    Sei que não gosta muito do Marcuse. Mas há uma passagem em sua obra, Eros e civilização, em que ele diz algo que a mim parece muito plausível. Dentre outras coisas, Marcuse diz, sem rodeios, que se a mulher quer alcançar o status do homem num mundo dominado pelo capitalismo, então isto não significa diretamente emancipação, já que no sistema capitalista, a situação do homem não é lá grande coisa. Enfim, usar o status do homem no mundo capitalista como referência de emancipação é, no mínimo, contraditório, já que o próprio homem ainda não se encontra emancipado, vide sua alienação, já que não se objetiva na realidade por meio de seu trabalho, mas ao contrário, é explorado continuamente.

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  11. A questão aqui é que realmente coisas mudaram, mas a intensidade e abrangência dessas mudanças é que são questionáveis, não apenas às custas do machismo e do capitalismo, mas também do próprio entendimento das mulheres perante a sociedade e seu papel nela, há muitas controvérsias em relação a seu papel, porque as próprias mulheres ainda não se questionam e o exercem efetivamente, por inteiro.
    Por isso que é muito bom termos uma mulher mais inteligente e esclarecida como minha amiga Elaine para escrever sobre nós! Parabéns amiga, adorei seu artigo! Quando sai o próximo?

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  12. Realmente as coisas mudaram muito Diogo. Hoje as mulheres tem mais direitos, ocupam cargos de chefia e ingressam nas universidades. Mas quem são essas mulheres??? Será que alguma delas trabalha na linha de produção de uma fábrica??? Será que alguma delas tem que chegar em casa depois do trabalho e colocar a roupa de molho, fazer o jantar, buscar os filhos na creche e torcer para o marido não chegar bêbado em casa??? É necessário termos clareza do que essas mudanças significam pra classe operária, onde realmente se encontram as verdadeiras mulheres que precisam de emancipação.

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  13. Olá Éder, as desigualdades nunca deixarão de existir no capitalismo, pois esse sistema se aproveita dos setores oprimidos (mulheres, negros, homossexuais) para extrair cada vez mais lucro, naturalizando as diferenças e negando oportunidades.

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    • Primeiro, parabéns pela coluna Elaine!

      Sobre o que foi comentado…
      Não acho que haja esse “Aproveitamento” dos “setores oprimidos” por causa do sistema capitalista em si, mas desdeque o primeiro primata pegou um pedaço de pau e começou a mandar porque era mais esperto que os outros que há o controle das massas.
      E a massa é burra, vai pra onde quem tem poder manda, independente de qualquer sistema político.
      E nesse sistema capitalista quem sofre mais e é mais oprimido é quem é pobre e quem é burro, independente de qualquer outra coisa.
      Sobre dupla jornada… é foda isso, mas tem mulher que gosta de assumir esse tipo de responsabilidades. Porque o marido é incompetente, preguiçoso ou aproveitador muitas vezes e outras porque ela simplesmente gosta de fazer algo pra ajudar.
      Nossa estrutura familiar tem se baseado no patriarcado por muito tempo, agora as coisas estão mudadas, acho ótimo que as pessoas tenham a opção de escolher o que querem fazer e acho que isso pode ser feito sim hoje em dia com diálogo, e não mais com pedaços de pau.

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  14. Olá Bruna, é por isso que podemos afirmar que no capitalismo não existe verdadeira emancipação da mulher e que os direitos democráticos beneficiam somente as mulheres burguesas e pequeno-burguesas, pois estas mesmo ingressando no mercado de trabalho tem condições de contratar uma trabalhadora para exercer o seus trabalhos domésticos. A mulher trabalhadora, ao contrário, depois de um dia cansativo de trabalho tem que dar conta dos afazeres domésticos e do cuidado com os filhos, uma tarefa que seria dividida numa sociedade completamente transformada.

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  15. Pois é…ainda existem muitas desigualdades…acho q a mais comum e mais evidente para mim é a dupla jornada das mulheres, inclusive das mais jovens.

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  16. é evidente que o capitalismo cria preconceitos, enquanto houver capitalismo, haverá desigualdade. A mulher jamais deveria ter sido reprimida. O movimento feminista batalhou por direitos e igualdade. Ainda é triste existir desigualdades.

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