Enquanto não me é possível fazer um tour físico pelo mundo, vou viajando pelos livros. E um dos que fazem com que demos a volta ao globo é A volta ao mundo em 80 dias, do francês Júlio Verne.
A história começa nos apresentando a rotina meticulosamente pontual do senhor Phileas Fogg, um homem de personalidade um tanto quanto nebulosa na opinião de seus conhecidos por ser muito reservado – daí a brincadeira do autor com o sobrenome do personagem: Fogg vem de foggy: nebuloso, nevoento, cerrado, enevoado, brumoso.
Fazendo jus ao seu temperamento, seus dias seguem sempre iguais: acorda cedo, barbeia-se, toma café da manhã e vai para o Reform Club, local em que almoça e lê os jornais do dia. À noite, joga tuíste com seus colegas de clube e volta para casa à meia-noite.
E assim segue até o dia em que uma notícia em particular chama atenção dos cavalheiros: o assalto ao Banco da Inglaterra.
Na conversa sobre o crime, Fogg afirma que, para a fuga, usando o dinheiro roubado, o ladrão seria capaz de dar a volta ao mundo em 80 dias. Surge daí a aposta entre os gentlemen.
E, nesta mesma noite, nosso protagonista sai em sua aventura acompanhado de seu empregado Passepartout – outro trocadilho com os nomes dos personagens, explicado pelo próprio no início do primeiro capítulo:
Um moço de uns trinta anos de idade apresentou-se e cumprimentou.
– É francês e chama-se John? – perguntou-lhe Phileas Fogg.
– Jean, se não lhe desagradar, respondeu o recém-vindo, Jean Passepartout, sobrenome que me ficou, e que justificava a minha aptidão natural para me safar de apuros. Considero-me um rapaz honesto, senhor, mas, para ser franco, já exerci muitas profissões. Fui cantor ambulante, artista de circo, saltando como Léotard, dançando na corda como Blondin; depois fiz-me professor de ginástica, para tornar mais úteis os meus talentos, e, por fim, fui sargento de bombeiros em Paris. Tenho até em meu currículo alguns incêndios notáveis. Mas já faz cinco anos que deixei a França e que, desejando gozar a vida de família, sou criado de quarto na Inglaterra. Ora, achando-me sem colocação e tendo sabido que Mr. Phileas Fogg era a pessoa mais exata e mais sedentária do Reino Unido, aqui me apresentei em sua casa na esperança de viver tranquilo e até esquecer este nome de Passepartout.
Vemos que os planos de sossego de Passepartout foram logo frustrados…
Passando por Suez, o detetive da Scotland Yard, senhor Fix – outra brincadeira do autor com os sobrenomes… –, vê muitas semelhanças entre o retrato falado do assaltante do Banco da Inglaterra e o senhor Fogg.
Passando então a seguir seus passos – para não perdê-lo de vista – enquanto espera que o mandado de prisão chegue em suas mãos. O que acaba fazendo com que detetive e mandado façam boa parte do percurso da volta ao mundo! Rs
Os personagens passam por muitos lugares e situações em que se deparam com costumes e culturas diferentes. O que enriquece e torna a narrativa interessante para quem é curioso por conhecer “novos mundos”… Pra não entregar muito, vou parando o relato por aqui, recomendando o livro a todos que queiram fazer uma viagem pelo mundo 😉
Você pode ler o livro completo na Biblioteca Júlio Verne ou baixá-lo no site do Domínio Público.
A história também teve duas adaptações cinematográficas, uma de 1956 e outra de 2004:
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