Dia Internacional das Mulheres

RESISTÊNCIA E LUTA DAS TRABALHADORAS

por Elaine Zaragosa

O Dia Internacional da Mulher comemora no ano de 2010, os cem anos de sua celebração. Embora existam controvérsias entre pesquisadores a respeito da origem do 8 de março, esta data simboliza a luta de 129 operárias têxteis de uma fábrica de tecido em Nova York, que morreram carbonizadas por seus patrões após reivindicarem melhores condições de vida e trabalho.

Sensibilizada com a situação dessas mulheres, Clara Zetkin, propôs em 1910, na Segunda Conferência Internacional de Mulheres, na Dinamarca, o Dia Internacional da Mulher.

Clara Zetkin, sempre lutou para que a questão feminina fosse assunto de debate dentro do movimento operário. Lutou entre outras coisas, pelo sufrágio feminino, por melhores condições de trabalho das mulheres nas fábricas e, principalmente, por uma organização específica das operárias. Por esse motivo, a questão das mulheres existe apenas para as mulheres do proletariado, da pequeno-burguesia e da intelectualidade.

Segundo Clara, as mulheres da alta burguesia podem desenvolver as suas habilidades e individualidades livremente, se assim quiserem. E quando são submissas ao marido o são apenas economicamente, então quer lutar contra o homem de sua classe. A mulher pequeno-burguesa quer alcançar a liberdade econômica, por isso tem aspirações feministas.

Por seu lado, as intelectuais não são mais do que proletárias mentais. Buscam além da libertação econômica, a espiritual e a cultural. Para Clara Zetkin, a questão feminina surge a partir da necessidade de exploração do capital que busca força de trabalho mais barata e surge a partir daí a mulher proletária. Esta não tem como desenvolver a sua individualidade e a sua subjetividade. A sua luta não pode ser contra o homem de sua classe, pelo contrário, a sua luta deve ser junto ao homem de sua classe e contra a sociedade capitalista. O objetivo final de sua luta não é obter a possibilidade de concorrência com o homem.

Clara tira destas suas reflexões, algumas ideias para a organização política das mulheres trabalhadores e da pequeno-burguesia intelectualizada. A principal delas é a seguinte: na luta das mulheres a importância prioritária deve ser dada a questões que permitam unificá-la ao movimento operário, desenvolvendo assim a consciência de classe das trabalhadoras.

Ainda hoje, cem anos depois, as mulheres continuam sofrendo com as opressões. Sendo tratadas como objetos sexuais, vitimadas pela violência doméstica, são elas, as maiores vítimas da crise econômica.

Segundo dados oficiais de órgãos como ONU, OIT, UNICEF e Banco Mundial, as mulheres somam 70% dos 1,3 bilhões de pobres absolutos do mundo; o trabalho não remunerado da mulher no lar representa um terço da produção econômica mundial (ONU). Das mulheres em idade de trabalhar (fora do lar), apenas o fazem 54% contra 80% dos homens (OIT). As mulheres desempenham a maior parte dos trabalhos mal pagos e menos protegidos (OIT). As mulheres ganham entre 20% e 30% menos que os homens (OIT). No nível da educação, 2/3 dos 876 milhões de analfabetos do mundo são mulheres. Ao cumprir os 18 anos as garotas têm em média 4,4 anos menos de educação que os homens da mesma idade. Dos 121 milhões de crianças não escolarizadas no mundo, 65 milhões são meninas. (ONU, Unicef).

No nível da saúde, a cada ano morrem no mundo mais de meio milhão de mulheres como consequência da gravidez e do parto, o que está diretamente relacionado ao nível de pobreza.

dia-internacional-da-mulherNos países coloniais e semicoloniais, a taxa de mortalidade materna é de 1 a cada 48 partos. Em países europeus, como a Espanha, morrem 3,9 mulheres a cada 100 mil. Na Espanha 98% das mulheres recebem assistência durante a gravidez e o parto. Nos países coloniais e semicoloniais 35% das mulheres não recebem atenção pré-natal; quase 50% dão à luz sem assistência especializada.

As últimas estatísticas indicam que há mais mulheres que homens infectadas pelo vírus HIV. Mulheres trabalhadoras e pobres continuarão morrendo, enquanto as clínicas clandestinas ganham fortunas graças à legislação repressiva que impede que o aborto seja realizado nos hospitais de forma gratuita e nas melhores condições médicas.

E esta deplorável situação chega à sua máxima expressão quando vemos os dados sobre a violência contra a mulher. A cada ano, pelo menos 2 milhões de meninas entre 5 e 10 anos são vendidas e compradas no mundo como escravas sexuais. A cada duas horas, uma mulher é apunhalada, apedrejada, estrangulada ou queimada viva para “salvar” a honra da família.

Situações como essas, evidenciam que não somente o 8 de março, mas cotidianamente, a luta das mulheres seja lembrada como uma luta de toda a classe trabalhadora por melhores condições de vida, trabalho e dignidade a todos.

Fontes: Liga Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional (LIT-QI) – Secretaria Internacional da Mulher

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