Na Praça dos Sonhos.
Diogo estava sentado na Praça dos Sonhos, o lugar onde sempre encontrou refúgio para suas reflexões e batalhas internas. O dia estava nublado, e o som das folhas balançando ao vento proporcionava uma paz temporária em meio ao turbilhão de pensamentos. Hoje, porém, ele estava ali para uma conversa que sabia que mudaria o curso de seu relacionamento com Ana.
Quando Ana chegou, trazia consigo a sacola de piquenique de sempre. Seu sorriso era acolhedor, mas seus olhos mostravam que ela também pressentia que algo importante estava prestes a acontecer.
“Trouxe nossos sanduíches favoritos”, disse ela, sentando-se ao lado de Diogo. Mas sua voz carregava uma nota de preocupação.
Diogo respirou fundo, buscando as palavras certas. “Ana, tenho pensado muito ultimamente… sobre nós.”
Ela assentiu, com uma expressão calma, mas atenta. “Eu também, Diogo.”
Houve um momento de silêncio, onde ambos tentavam organizar os pensamentos. Finalmente, Diogo falou: “Eu te amo, Ana, mas sinto minha maneira errática de ser tem me afastado de você. Estou preso em meus próprios mundos, e isso está impactando nossa relação, e a gente combinou de não deixar nosso namoro atrapalhar nossa amizade, então talvez seja a hora de…”
Ana apertou suavemente a mão dele. “Tá bom, Di. Também sinto que estamos em momentos diferentes de nossas vidas. Mas eu valorizo muito o que temos. Não quero perder você e nossa amizade, mesmo que nosso relacionamento mude.”
Diogo sentiu um alívio inesperado. “Eu também, Ana. Você é importante demais para mim para simplesmente desaparecer da minha vida.”
Um Novo Capítulo
Depois do término, Diogo e Ana conseguiram encontrar um novo equilíbrio. A amizade que outrora fora a base de seu relacionamento romântico agora florescia em algo novo e forte. Eles continuaram comunicando, por cartas, pelo ICQ, por sms, pelo msn, em festas da galera, se encontravam bem regularmente, mas agora, cada experiência isenta de expectativa era diferentes, leve.
Ana teve uma filha independente, o que foi estranho no começo, por ela ser bem nova e “só”, mas logo a Diana virou algo bom e natural na vida de todos que a cercavam.
Ana, que sempre fora uma leitora ávida, tinha finalmente dado início ao seu sonho de escrever romances policiais. Diogo, com seu blog sobre quadrinhos e tecnologia, tornou-se seu crítico mais honesto.
“Esse trecho aqui, onde a detetive desvenda o mistério usando uma análise de padrões de comportamento… Me lembrou muito das discussões que temos sobre como a IA pode ser usada pra simular nossos pensamentos, e como nós podemos usar isso em nossas análises”, comentou Diogo, enquanto revisava um dos primeiros capítulos do novo livro de Ana ‘”O Muso artificial”.
Ana sorriu, sentindo-se encorajada. “Eu adoro o jeito que você consegue conectar esses mundos, Diogo. Sempre me inspira.”
Ele riu. “E eu adoro como você transforma esses conceitos em histórias intrigantes. É fascinante.”
O Ritual dos Novos Dias
Com o passar do tempo, Diogo se aprofundou cada vez mais no universo de seu blog. Ele escrevia sobre seus sonhos e tentava manter uma mente sã, mas se achando ruim, coberto de dúvidas sobre si mesmo, preso em futuros catastróficos inexistentes e evitando a vida cada vez mais, continuava lutando com algo que nem fazia idéia o que era.
Certo dia, após publicar um artigo sobre como a IA poderia ser usada para criar vilões mais complexos nos quadrinhos, Diogo recebeu uma mensagem de Ana.
“Li seu novo post. É incrível como você consegue fazer paralelos entre ficção e tecnologia. Acho que é por isso que suas análises são tão únicas.”
Diogo sorriu para a tela do computador. “Ahaha puxa saco. VLW Ana. E você? Como está indo com o livro? E a Diana ta bem? Outro dia joguei UNO com ela no MSN”
“Elá tá sim, mas sabe como é, demanda tempo, trabalho e atenção. Sobre o livro, eu estou em uma fase crucial, onde a detetive começa a questionar tudo ao seu redor. Acho que vou usar aquela ideia que discutimos, sobre como as obsessões pessoais podem tanto ajudar quanto prejudicar uma investigação.”
Diogo ficou em silêncio por um momento, refletindo sobre a metáfora que aquilo representava para ambos. “Acho que isso vai ser uma virada interessante. E, de certa forma, é algo que eu mesmo tenho enfrentado.”
O Despertar de uma Nova Vida
Os anos passaram rápido, Diogo e Ana continuaram a se apoiar mutuamente. Ana estava prestes a publicar seu primeiro romance policial, e Diogo se dedicava cada vez mais ao blog, que crescia devagar popularidade, graças à sua abordagem única talvez.
Certo dia, enquanto tomavam café em um dos lugares que costumavam frequentar, Ana comentou, depois das formalidades iniciais, como ela perguntar sobre Jennifer, a companheira de longa data de Diogo, e ele perguntar sobre a mais não tão pequena Diana: “Sabe, Diogo, o que eu mais gosto em nossa amizade é que, mesmo com todas as mudanças, nós continuamos a nos inspirar e a nos apoiar.”
Diogo sorriu, concordando. “Eu também, Ana. Acho que de todas as fases que passamos, essa é a que mais me faz sentir realizado.”
Ana sorriu de volta, satisfeita. “E quem sabe, um dia, eu escreva um romance policial onde o protagonista tem um blog sobre quadrinhos e inteligência artificial. Seria um personagem fascinante, talvez até lembre você hahaha.”
Diogo riu, levantando sua xícara de café. “Eu adoraria ler e resenhar até, talvez goste desse personagem nerdola insuportávavel. Você é o tipo de gente que vê coisas em nós que a gente nem percebe, lembrei daquela música do Heróis da Resistência:
“Só você sentiu por mim, o que nem eu sentiria…”
Ela sorrio, com o mesmo sorriso de sempre. Eles brindaram, não apenas ao futuro de suas carreiras, mas também à amizade que construíram, uma amizade que, mesmo após o término de um namoro, se mostrava tão sólida quanto antes do namoro, quando eram amigos.
Cada um em seu próprio caminho, mas sempre se cruzando eventualmente em alguma encruzilhada, dividindo histórias, uma bebida e uma admiração mútua que nenhuma obsessão ou capítulo antigo poderá apagar.
Até o FIM.