Calma, caro leitor, essa proibição não é aqui do Brasil, mas em Portugal e vem da época da ditadura Salazarista.
Pois é, um belo exemplo de como agem as ditaduras. Vai lendo…
Por volta de 1937, Portugal não fabricava isqueiros, mas tinha uma indústria fosforeira bem desenvolvida que, dizem as más línguas, pertencia aos “chegados” da ditadura.
Foi aí que a popularização do isqueiro começou a prejudicar os fabricantes de fósforos.
Para resolver isso, o governo resolveu promulgar uma lei proibindo o uso do isqueiro, isto é, não era uma proibição total, mas parcial, já que, quem decidisse optar pela facilidade do isqueiro ou de um acendedor, não podia fazê-lo a não ser dentro de locais privados e fechados ou, como costuma dizer os portugueses: “debaixo de telhas”.
A inusitada lei, que durou até meados de 1970, previa que quem transportasse ou usasse o isqueiro em locais públicos deveria apresentar uma licença para isso (veja a foto desta publicação).
Tal licença custava muito caro para a época, ou seja, 40 escudos anuais e, ai de quem fosse pego em irregularidade: o infrator, além de pagar a taxa de 40 escudos, levava mais uma multa de 250 escudos, cobrada em dobro, no caso do infrator ser funcionário público ou militar.
Interessante é que, tanto a taxa anual, como as multas cobradas, não iam para o governo, mas para a indústria fosforeira e, mais interessante ainda, não faltavam os “incentivos” às multas, pois, 30% delas eram revertidas para os fiscais, que, via de regra, dividia com os delatores ou “alcaguetes” de plantão.
Dizem que os estudantes da Universidade de Lisboa sempre tinham um pedaço de telha à mão e, toda vez que usavam o isqueiro, colocavam o pedaço de telha sobre a cabeça (simbolizando que estavam usando o isqueiro “debaixo de telhas”). Claro que nem sempre isso dava resultado, mas valia como protesto.
Que a paz esteja com todos.
Darci Men.