MULHERES NEGRAS, A TRIPLA OPRESSÃO: GÊNERO, RAÇA E CLASSE

No dia 20 de novembro comemoramos o Dia Nacional da Consciência Negra. Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, foi morto em uma emboscada na Serra Dois Irmãos, em Pernambuco, após liderar uma resistência que culminou com o início da destruição do Quilombo Palmares. Além de todas as questões relacionadas ao povo negro, devemos dar especial atenção às mulheres negras. Expostas a uma tripla opressão, as mulheres negras sofrem com o gênero por ser mulher, com a raça por ser negra e, principalmente, com a classe, por pertencer à sociedade capitalista, que oprime e inferioriza a mulher negra.

As mulheres negras compõem um grande exército de reserva na sociedade capitalista. Segundo dados do IPEA, são as últimas na escala de renda, as primeiras a serem demitidas, alvo prioritário de violência social, sendo usadas como produto/mercadoria barata. Inúmeras pesquisas realizadas nos últimos anos mostram que a mulher negra apresenta menor nível de escolaridade, trabalha mais, porém com rendimento menor. Em comparação às outras mulheres, são as que ingressam mais precocemente no mercado de trabalho, geralmente em profissões que não exigem qualificação técnica ou intelectual. O número de mulheres negras que trabalham como domésticas é sempre maior do que o de mulheres brancas.

Além da discriminação no mercado de trabalho, a saúde da mulher negra sofre algumas particularidades, como por exemplo, a anemia falciforme, uma doença hereditária, muito comum nas mulheres negras, originária da África, que se espalhou pelas Américas com o tráfico de escravos. Além da anemia falciforme, outras doenças que afetam particularmente as mulheres negras são os miomas uterinos e a hipertensão arterial. Isso ocorre devido a não inclusão do item raça nos prontuários médicos, o não diagnóstico precoce da anemia falciforme e, principalmente, pela falta de campanhas sobre a saúde da população negra.

Os meios de comunicação contribuem para a desvalorização da mulher negra, perpetuando a imagem de símbolo sexual e ignorando toda a manifestação cultural, religiosa e artística da comunidade negra. Infelizmente, o Brasil é uma das principais rotas do turismo sexual e do tráfico internacional de mulheres, onde meninas, jovens e mulheres não-brancas, especialmente das regiões norte e nordeste do país, são alvos fundamentais da indústria internacional do sexo.

A manipulação da identidade cultural, étnica e racial dessas mulheres negras é o elemento constitutivo do sexy marketing que suporta o aliciamento e a exploração sexual dessas mulheres. É importante destacar que as mulheres negras são vítimas do racismo e do sexismo, possuindo os piores indicadores em diversos aspectos sociais. É necessário promover o empoderamento feminino e a representatividade da mulher negra, garantindo igualdade de oportunidades e valorização da diversidade cultural.

Como vimos as mulheres negras, graças ao seu recorte de gênero, são as maiores vítimas das desigualdades sociais, da violência, da pobreza, da baixa escolaridade e da divulgação de sua imagem como mercadoria. É importante que essa data seja vista como um passo na construção de uma sociedade onde as diferenças raciais, assim como as de gênero e classe sejam erradicadas e não precise haver datas especiais para lembrarmos que é fundamental aceitar as diferenças.

Fontes: IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada); Gelédes.org.br; IBGE.gov.br; PNAD (Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílio); mulheresnegras.org.

Notas do editor:
A representatividade negra pode contribuir para o empoderamento feminino de diversas maneiras. Quando as mulheres negras são representadas em posições de destaque e poder, isso pode inspirar outras mulheres negras a buscar seus próprios objetivos e acreditar em seu potencial. Além disso, a representatividade negra pode ajudar a combater o racismo e o sexismo, promovendo a valorização da diversidade cultural e a mudança de mentalidade em relação à mulher negra.

A representatividade negra também pode ajudar a garantir igualdade de oportunidades no mercado de trabalho e em outras áreas da sociedade, combatendo a discriminação e o preconceito. Por isso, é importante promover a representatividade negra em todos os setores da sociedade, garantindo que as mulheres negras tenham voz e espaço para se expressar e se desenvolver plenamente.

O marketing de conteúdo pode ser uma ferramenta importante para promover a conscientização e a mudança de mentalidade em relação à mulher negra, saiba mais em nossa sessão de ebooks.