La Lunna – A situação da mulher trabalhadora da educação

O mito da mulher educadora como aquela que é “naturalmente” paciente e amorosa, responsável por criar e educar, sobrevive ao longo da história. Mas, ao mesmo tempo, examinando a realidade, constatamos que as coisas não acontecessem bem assim. A categoria dos profissionais da educação é composta majoritariamente por mulheres, sendo que no ensino pré-escolar no Brasil é de 94,8%, no ensino fundamental e médio é de 92,6% e no ensino superior as mulheres são minorias. A situação das mulheres trabalhadoras da educação passa por uma dupla opressão: a desvalorização da mulher e a desvalorização do magistério.

Na rede estadual, as professoras têm os mais baixos salários, muitas vezes possuindo mais escolaridade que os homens, segundo dados do IBGE (2008), para as mulheres que possuem nível superior completo, o rendimento é cerca de 60% do rendimento dos homens, indicando que mesmo com grau de escolaridade mais elevado as discrepâncias salariais entre homens e mulheres não diminuem. O mesmo ocorre com a questão do trabalho doméstico que a mulher tem que desempenhar depois de um dia exaustivo de trabalho sem nenhuma remuneração. É muito comum nas redes estadual e municipal, a mulher acumular dois ou três cargos para que o salário seja melhor. A Síndrome de burnout é frequente entre as professoras estaduais, a cada ano aumenta o número de licenças médicas causadas por doenças psicológicas adquiridas no local de trabalho.

 

Assim como a situação dos trabalhadores em geral, as mulheres, profissionais da educação, precisam lutar por uma escola pública de qualidade, melhores salários e condições de trabalho. Mas onde as trabalhadoras da educação poderiam garantir estes direitos? Os sindicatos, por sua própria estrutura burocrática, sempre foram um meio de propagação do machismo, tornando-se privilégio dos homens serem os membros de direção, dirigentes de mesa, os que dão a palavra. Para que este quadro se modifique, é importante ganhar a consciência das mulheres para a sua opressão, somente assim, a mesma sentirá vontade de se organizar e lutar pelos seus direitos como ser político.

 

Nesse sentido, é necessário construir um movimento de mulheres que abarque todas estas reivindicações, tanto das trabalhadoras da educação quanto das demais trabalhadoras. Um movimento que faça a mulher perceber que o capitalismo, apoiado na desigualdade entre gêneros, utiliza a mulher como mão de obra barata, como exército de reserva para prolongar a opressão e evitar o avanço da conscientização.

Fontes: IBGE e Neoliberalismo e crise da educação pública (Ilaese – Instituto Latino-Americano de Estudos Socioeconômicos).

 

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11 comentários em “La Lunna – A situação da mulher trabalhadora da educação”

  1. Olá Elaine.

    Gostei do Artigo, acredito que seja mesmo necessário o surgimento de movimentos que tratem dessas questões, pois além da diferença salarial e do assédio existe também o trabalho doméstico, que você retratou muito bem.

    Parabéns pelos artigos.

    Bjs

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  2. Artigo ótimo!!

    "Nesse sentido é necessário construir um movimento de mulheres que abarque todas essas reivindicações, tantos das trabalhadoras da educação, quanto das demais trabalhadoras. Um movimento que faça a mulher perceber que o capitalismo, apoiado na desigualdade entre gêneros, utiliza a mulher como mão-de-obra barata, como exército de reserva para prolongar a opressão e evitar o avanço de consciência."

    Concordo plenamente.

    Voltarei outras vezes.

    bjoo

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  3. Elaine,

    Excelente artigo. Você mostra a realidade em um dos alicerces mais importantes do Brasil: a educação.

    É uma das áreas mais importantes que devem ter investimentos fortes para que tenhamos um futuro prospero. A educação no Brasil ainda tem muito para evoluir e o professor é uma das profissões mais importantes para a evolução do ser humano. Quem não tem professores que marcaram a nossa vida? Que nos fizeram enxergar de maneira diferente o mundo e as oportunidades? Pois bem… devemos dar valor nessas mulheres que vieram, para mudar o mundo…

    bjos

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